Atelier para variações, por Sérgio Faria

Nota lxxviii, sobre o armar ao pingarelho

Como qualquer outro micro-cosmos, a academia também tem as suas personagens sinistras ou bizarras. A frequência obrigatória de um seminário de pós-graduação tem-me permitido confirmar este facto. Hoje, por exemplo, ouvi alguém, com mal disfarçado pudor, durante os primeiros vinte minutos de uma conferência reservada, reportar as suas companhias e benfeitorias intelectuais, como se fosse o paradigma do ilustrado. Por isso, não foi de estranhar que, depois de uma inócua interpelação do auditório, o senhor doutor – exactamente, por extenso –, a propósito de nada diferente da vaidade, aproveitasse para informar os pacientes da audiência que, com a sua dissertação e respectiva defesa, tinha obtido a classificação máxima admitida em provas de doutoramento. A informação era desnecessária. O que interessava era o argumento. Ou a ciência, sobre a qual o senhor doutor pretendeu conferenciar. S. F.
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